Resenha| Vergonha 

Olá, amigos! Há tempos estava ensaiando ler este livro, mas fiquei enrolando porque já sabia que seria bom, só não sabia se eu estava na vibe dele, então sempre acabava passando outras leituras na frente. E eu estava certa, que obra prima! Valeu a pena esperar para ler com calma, absorvendo bem cada palavra. 

Sobre o livro

Em Vergonha, acompanhamos as vidas de Grace e Jackson, ela, filha de pastor, recém-divorciada, lidando com os julgamentos familiares, sociais e congregacionais; ele, um ex-viciado em drogas que cuida do pai alcoólico e sofre com traumas gerados pela perda precoce da mãe. As duas histórias interligam-se de maneira fantástica ao longo da narrativa e acompanhar o Dual Pov torna a experiência de leitura completamente excepcional. O primeiro contato dos personagens é um clássico do Grumpy x Sunshine, ele bravo e grosso, ela toda meiga e sensível. Resumindo assim em poucas palavras nem parece que há temáticas tão profundas sendo trabalhadas nessa obra. Se juntarmos essa descrição à antiga capa (um homem sem camisa, com tanquinho, escorado em um portal), eu certamente não teria tido interesse na leitura, mas o enredo vai muito além do romance e trabalha pautas importantíssimas e que me geraram muitas reflexões. 

Minha opinião 

Em toda a leitura, um versículo ficou martelando na minha cabeça: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” Provérbios 22:6. Isso aconteceu porque, apesar de todos os julgamentos e desafios enfrentados pela Grace enquanto filha de pastor, ela manteve a fé em Deus, orando e perseverando na igreja, mostrando que ela tinha a palavra de Deus guardada no coração e, mesmo que ela se desviasse do caminho, a chama que queimava por dentro a levava de volta para o Pai. A temática religiosa foi muito forte nesse livro e mostrou um problema real que muitos filhos de líderes eclesiásticos enfrentam, pois, muitas vezes, são condicionados a escolherem parceiros que sejam da igreja, bons crentes, mas que nem sempre serão bons maridos/esposas e, quando esses casamentos fracassam, são obrigados a tentarem manter uma relação ruim ou serem o mais discretos possíveis para não envergonhar o nome da igreja e dos pais, ignorando completamente o sentimento desse filho, colocando a igreja em primeiro lugar. Outro ponto importante levantado na crítica religiosa foi a hipocrisia de muitos cristãos ao fazerem eventos com o objetivo de arrecadar dinheiro para missões e projetos de voluntariado sem nem ao menos olhar para o mendigo ou viciado do bairro, passando por essas pessoas como se fossem lixos descartáveis que não merecem o amor de Deus. Acredito que as críticas religiosas até superaram o romance em alguns momentos e trouxe um debate importante e reflexivo, o que, de forma alguma, significa que o amor de Grace e Jackson não tenha sido bem construído, porque foi de tirar o fôlego. Que casal incrível! Ver ele quebrando as defesas, se deixando ser cuidado depois de uma vida inteira de bullying foi extremamente emocionante. Ver a Grace sendo amada de verdade, percebendo que ela era mãe sim, mesmo que não chegado a ver o rosto dos 7 bebês que perdeu, que ela tinha sim uma boa libido, o ex-marido que não sabia estimulá-la, entre outras descobertas que só foram possíveis porque Jackson dava a ela a liberdade de ser ela mesma. Por fim, para fechar com chave de ouro, eu amei o fato de os dois se darem um tempo sozinhos para superarem os traumas, se reencontrarem e só depois, de fato, engatarem em um relacionamento. Isso foi fantástico, porque, às vezes, os romances fazem parecer que um relacionamento é suficiente para curar feridas, porém nem sempre é assim e eu acredito que somente pessoas inteiras e felizes consigo mesmas conseguem fazer outra pessoa feliz, então isso foi muito bom. Por tudo isso, por toda a construção, esse livro se tornou o meu romance favorito do ano e já quero ler tudo que essa autora escrever. 

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Avaliação: 5 ⭐️

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